segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Análise de textos 3º ano

análise em LITERATURA E REDAÇÃO -    
tema polêmico

  Texto 1.
Só alguns poucos negros conseguem fazer curso superior no Brasil
Saiu o último estudo sobre desigualdade salarial entre brancos e negros no Brasil. De acordo com o levantamento realizado pelo Dieese e pela Fundação Seade, os brancos têm rendimento mensal médio de 760 reais, quase o dobro dos 400 reais que os negros recebem por mês.
Apresentados dessa forma, os números apontam para uma idéia equivocada e simplista de que os patrões estão contratando brancos e negros para postos de igual responsabilidade, mas, num ato preconceituoso, decidem dar aos brancos um salário mais alto e aos negros vencimentos mais modestos. Isso não acontece. Se estivesse ocorrendo, o problema racial no Brasil até poderia ser enfrentado na delegacia de polícia ou na Justiça.  A explicação para o abismo que separa os rendimentos de negros e brancos é de outra natureza, muito mais profunda.
Negros e brancos recebem salários diferentes porque não ocupam os mesmos postos de trabalho – nem estão habilitados a fazê-lo. A máquina que produz a fissão social separa as raças aos poucos, e de forma cirúrgica. De que outra maneira se pode explicar que, quando observada em bloco, a população negra representa 45% do total da sociedade, mas, quando se analisa o 1,7  milhão de brasileiros com maior renda, os negros são apenas 10%?
 Ela mostra alunos do curso de marketing de uma universidade paulista que gentilmente se deixaram fotografar para esta reportagem.
 Tente contar quantos estudantes negros aparecem na sala. Um talvez? Esse grupo não é uma exceção, e os alunos selecionados para o curso foram escolhidos por vestibular – não em entrevistas pessoais, que poderiam dar margem a práticas discriminatórias. Os negros não aparecem na fotografia simplesmente porque não conseguiram chegar à universidade. Por razões diversas, a maioria deles ficou pelo caminho. Sem acesso à faculdade, não se habilitam a um bom posto de trabalho.
Relegados a funções secundárias, acabam  recebendo menos no fim do mês. O resultado aparece no estudo: tomando-se em bloco o vencimento dos negros, eles realmente ganham  menos que os brancos, já que possuem emprego de menor destaque.  Para entender por que os negros ganham menos, é preciso ir à origem do problema. Em primeiro lugar, está o fator escolaridade. Segundo uma pesquisa feita pelo  Ipea, o tempo médio de estudo de um jovem branco com 25 anos é de 8,4 anos, enquanto o negro na mesma idade passou apenas 6,1 anos na escola.
O abismo fica evidente quando se observa o currículo escolar. Considerando que um branco e um negro começaram juntos na 1ª série do ensino fundamental, o branco vai até o 1º ano do colegial e o negro abandona a escola na 6ª série. Como cada ano de estudo na vida de uma pessoa representa um acréscimo de 16% em sua renda, a defasagem escolar torna-se a primeira barreira para a conquista de melhor remuneração. Mas por que os negros estudam menos? Uma resposta está na renda familiar dos estudantes. Ela é mais baixa entre os negros, obrigando boa parte das crianças a interromper os estudos mais cedo para ajudar no orçamento doméstico.
Trata-se de um círculo vicioso difícil de ser rompido. Como são mais pobres, os negros estudam menos. Como estudam menos, eles permanecem na pobreza. Muitos estudiosos acreditam que a melhor maneira de reduzir a desigualdade é estabelecer cotas para negros na escola e no mercado de trabalho.
Nos Estados Unidos, o sistema de cotas nas universidades e na administração pública fez com que a classe média negra dobrasse nos últimos vinte anos. Mas as chamadas "políticas afirmativas" também produziram uma nova forma de disputa racial. Um candidato branco que perde um bom emprego não por ser menos capacitado mas porque a lei favorece o negro normalmente se considera injustiçado pela política de cotas. Nesse caso, a política pode ser lida como uma forma de preconceito.
A despeito dos debates acirrados, a verdade é que nos Estados Unidos o sistema se mostrou eficiente para combater a desigualdade. No Brasil, alguns órgãos públicos anunciaram recentemente a reserva de vagas para negros. Também está sendo criada uma lei que estabelece a cota mínima de 25% para atores negros em programas de televisão. As estatísticas apontam que a situação do negro brasileiro tem melhorado em alguns setores. Segundo um levantamento feito pelo IBGE, em cada grupo de dez negros, quatro estão parados na pirâmide social. Dos seis que estão se mexendo, cinco estão subindo.
No mercado de trabalho, também ocorreram avanços. Há dez anos, apenas 10% dos negros eram empregadores.  Hoje os patrões negros representam 22% do total. Como consequência, tornaram-se mais freqüentes cenas de negros em restaurantes caros ou fazendo compras em lojas chiques nos shoppings. Os avanços amenizam o problema, mas não escondem o fato de que existe enorme desigualdade racial no Brasil.
Ainda falta muito para que as salas das universidades, os cargos de chefia e os postos públicos mais cobiçados sejam preenchidos de forma equilibrada entre brancos e negros.

Texto 2.
Desigualdade entre negros e brancos cai na educação – em virtude do dia da consciência negra no Brasil
           
As disparidades entre negros e brancos têm diminuído na educação, mas isso ainda não se refletiu em queda da desigualdade de renda na mesma proporção, indica o quarto Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), lançado pelo governo federal no fim de março, em Brasília.
Entre a população que trabalha, o rendimento de pretos ou pardos melhorou um pouco mais que o dos brancos, e a inequidade caiu. Na população como um todo,  a pobreza encolheu, mas a redução foi semelhante entre os dois grupos — a desigualdade, portanto, se manteve. Na avaliação do estudo, “os dados indicam a persistência de práticas de discriminação”.
O estudo mostra que a tendência de universalização do ensino fundamental — uma política mais geral, não voltada a determinadas etnias especificamente — beneficiou negros e brancos. Em 1992, o percentual de pessoas de 7 a 14 anos que frequentavam o ensino fundamental era de 75,3% para pretos ou pardos e 87,5% para brancos. Já em 2008, as porcentagens eram praticamente iguais: 94,7% no primeiro caso e 95,4% no segundo. Um dos efeitos disso foi a queda da desigualdade no analfabetismo.
Na faixa etária de 15 a 24 anos, a taxa era de 95,6% para os brancos e 86,8% para os negros, em 1992. Já em 2008 os números eram parecidos: 98,7% para os brancos, 97,3% para pretos ou pardos. No ensino médio a desigualdade ainda persiste, embora em nível menor. Em 1992, a proporção de brancos de 15 a 17 anos matriculados no antigo colegial (27,1%) era quase o triplo da dos negros (9,2%). Em 2008, a diferença havia caído para 44% (61% entre os brancos, 42,2% entre pretos ou pardos). Quanto se adiciona o componente gênero, porém, a questão se agrava. "As negras frequentam menos as escolas, apresentam menores médias de anos de estudo e maior defasagem escolar", afirma o estudo.
Se o perfil educacional de negros e brancos ficou mais parecido,  poderia se esperar que o mesmo acontecesse com o rendimento. Não é o que tem ocorrido. A distância entre trabalhadores brancos e os de cor preta ou parda diminuiu, mas ainda é grande. Em 2008, estes últimos recebiam somente 56,7% da remuneração dos primeiros, enquanto dez anos antes o percentual era de 48,4%. "Tal diferencial se deve, em grande medida, à menor escolaridade média da população preta e parda, que, no entanto, não é suficiente para explicar as diferenças de rendimentos", afirma o relatório. O confronto dos dados de 1998 com os de 2008 mostra  que, nos dez anos e para todas as faixas de escolaridade, os pretos ou pardos sempre estiveram em situação pior na população ocupada. Ao longo desse período, a desigualdade caiu entre quem tem até 4  anos de estudos ( no máximo o antigo primário, portanto) e quem tem de 9 a 11 anos de estudos (ensino médio completo ou incompleto).
Mas não mudou entre trabalhadores com 5 a 8 anos de estudos (antigo ginásio completo ou incompleto) e aumentou entre os que têm superior completo e incompleto. Quando se leva em conta não apenas os trabalhadores, mas toda a população, a desigualdade se mostra estável. O relatório aponta que, em 1990, 37,1% dos pretos ou pardos viviam abaixo da linha de extrema pobreza do Banco Mundial (US$ 1,25 ao dia, em dólar calculado pela paridade do poder de compra, que desconta as diferenças de custo de vida entre os países). Em 2008, a proporção havia caído para 6,6% — um recuo de 82% no período. Entre os brancos, a queda foi semelhante (83%): de 16,5%, em 1990, para 2,8%, no ano retrasado. Os números mostram, portanto, que a proporção de pessoas muito pobres entre os negros é mais que o dobro que entre os brancos.
Sob esse ponto de vista, a desigualdade racial abre um fosso de cinco anos entre os dois grupos: a extrema pobreza de pretos e partos de 2008 era a mesma que a de brancos de 2003. Como afirma o estudo, apesar dos avanços "o objetivo da igualdade racial  requereria uma queda mais acelerada da pobreza extrema entre pretos ou pardos".Fonte: Pauta Social, Comunicação Portal Social
1)      Qual a temática do texto 1? E a do texto 2?
2)      A que se refere a  palavra “isso”, na  primeira linha do texto 2?
3)      Retire as partes do texto que foram colocadas entre aspas.
4)      De acordo com as duas últimas linhas do texto 2, conseguiu – se alcançar a igualdade entre negros e brancos? Justifique.
5)      De acordo com os  textos , fale sobre as disparidades existentes entre brancos e negros nos aspectos:
a)      Econômico;
b)      Educação;
6)      “Sob esse  ponto de vista...”, texto 2,  a que se refere a palavra em destaque?
7)      E você? Acha que ainda existe essa diferença social que foi evidenciada no texto? Justifique.
8)      Fale sobre o avanço ocorrido no mercado, com base no penúltimo parágrafo do texto 1.
9)      O quadro da discriminação vem de um fato histórico. Aponte esse fato.
10)  Em que momento do texto 1, esse fato indiretamente foi apontado?
11)  Qual a sua opinião sobre as cotas para negros nas universidades? Justifique.

12)  Com base nos  textos  em estudo, construa outro em 15 linhas. Não se esqueça de dar um título sugestivo.

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