sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

PLANO DE AULA - LITERATURA - CANTIGAS TROVADORESCAS


Disciplina: Literatura
Assunto: Cantigas líricas e satíricas (poesia lírica trovadoresca)
Professor: Marcelo Sabino Pires
Série: 1° ano   - Ensino Médio
Objetivos: Reconhecer e analisar as diferenças entre as cantigas de amor e de amigo, a partir das marcas textuais (estudo do eu – lírico),  usando como suporte para análise,  poesias da época, comparadas à Música Popular brasileira.
Conteúdos:  (Trovadorismo) estilo de época, enriquecendo a aula anterior, na qual os alunos já usaram o livro adotado para estudo do momento  histórico e da produção)  
Metodologia: Uso de apostila para os alunos, com a introdução e definição das cantigas líricas, características,  seu contexto, sua história. Em seguida, pedir aos alunos que façam as leituras de forma compartilhada, enfatizando as marcas textuais mais importantes, que identifiquem a voz que fala no texto. (masculino ou feminino nos textos sugeridos) – uso do quadro para tirar dúvidas quanto ao vocabulário e explicação. (violão e voz, para tornar a aula mais atrativa ou caixa de som para ouvir as músicas em som baixo, enquanto resolvem atividades) - Seleção de músicas da MPB.
Avaliação: formativa, contínua e processual, observando a participação, envolvimento e interesse dos alunos.
Desenvolvimento:
Chamamos de poesia trovadoresca à produção poética, em galego-português, do final do século XII ao século XIV. Seu apogeu ocorre no reinado de Afonso III, pelos meados do século XIII.

 Características das cantigas

Língua: galego-português.     (o que foi esse galego – português?)

·                     Tradição oral e coletiva. 
·                     Poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais, colecionada em cancioneiros, ou seja, manuscritos.
·                     Autores: trovadores; (abrir parênteses e explicar o que são trovas)
·                     Intérpretes: jograis e menestréis (artistas agregados às cortes ou que perambulavam pelas cidades e feiras.)
·                     Gêneros: lírico (cantigas de amigo, cantigas de amor) e satírico (cantigas de escárnio, cantigas de maldizer).

Primeiro, estudaremos a cantiga de amor: questionar aos alunos sobre cantigas, o que sabem sobre isso e valorizar o conhecimento prévio. Sobre o amor, contextualizando o amor ontem e hoje, será que mudou alguma coisa com relação ao amor que vemos hoje? Respeito? Admiração? Amar está fora de moda? É um momento rico para se trabalhar a valorização do outro, da mulher, da poesia, dos sentimentos... Ouvir dos alunos a ideia sobre cantigas, se está relacionado à musica que se ouve nos dias de hoje ou não e como resgatar esse sentimento?

CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS DE AMOR


·         Voz lírica masculina. (eu lírico não é autor, nem compositor, nem tradutor, é a voz que fala no texto poético)
·         Tratamento dado à mulher: mia senhor.
·         Expressão da vida da corte. (medieval) falar de produções televisivas que abordam o tema a título de enriquecimento, roupas, mitos, etc.
·         Convenções do amor cortês: a) Idealização da mulher; b) Vassalagem amorosa (o homem se rebaixa à condição de vassalo perante a dama );  c) Expressão da coita (palavra de origem galego-português que significa dor, sofrimento causado pelo amor  não correspondido).
·         Origem provençal (a Provença, região do sul da França).

Cantiga de amor                                                           Tradução



Quer'eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d'amor,
e querrei muit'i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi ém:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.

Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod'est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom  sém,
e desi nom lhi fez pouco de bem,
quando nom quis que lh'outra foss'igual.

Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad'e loor
e falar mui bem, e riir melhor
que outra molher; desi é leal
muit', e por esto nom sei oj'eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.

Quero à moda provençal
fazer agora um cantar de amor,
e querei muito aí louvar minha senhora
a quem honra nem formosura não faltam,
nem bondade; e mais vos direi sobre  ela:
Deus a fez tão cheia de qualidades
que ela vale mais que todas as do mundo.

Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo, quando a fez, que a fez conhecedora
de  todo bem e de muito grande valor,
e além de tudo isto é muito sociável
quando deve; também deu-lhe bom senso,
e desde então não lhe fez pouco bem
impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela.

Porque em minha senhora nunca
Deus pôs mal,
mas pôs nela honra e beleza e mérito
e capacidade de falar bem, e de rir melhor
que outra mulher, também é muito leal
e por isto não sei hoje quem
possa cabalmente falar no seu próprio bem
pois não há outro bem, para além do seu.

In: Elsa Gonçalves. Op. cit.,p.284

D. Dinis
Estudo do texto  e fixação:

1)    A voz que fala na cantiga é masculina ou feminina? Comprove com uma palavra.
R: A voz que fala na cantiga é de um homem apaixonado. Mia senhor (minha senhora) explicar esse vocabulário mais formal

2)  Releia os três primeiros versos da primeira estrofe. Que objetivo a voz lírica anuncia?
R: O objetivo da cantiga é elogiar, louvar ( loar ) a mulher amada.

2)    Encontre um verso que atribui características à amada.
R: mais pôs i prez e beldad'e loor  (mas pôs nela honra e beleza e mérito)



A cantiga de amor na música popular brasileira

A Lírica Trovadoresca na Música Popular Brasileira

A canção, “Queixa”, de Caetano Veloso, apresenta componentes formais e temáticos que a inserem na categoria de cantiga de amor. Composta em quadras e redondilhas entrecruzadas, arrematadas por um refrão reforçador do motivo da cantiga: a “coita” do eu-poético pelo amor não merecido, causa do um “penar” já cantado por outros tantos trovadores à moda de D. Diniz: “Tam grave dia que vos conhoci,/ por quanto mal me vem por vós, senhor!”
A tormenta do vassalo diante da impossibilidade de alcançar seu objeto de desejo, na música de Caetano Veloso, é simbolizada pela “serpente”, metáfora da paixão sedutora à que o eu-lírico sucumbe. O sentimento, antes “delicado”, polido por um código de honra cortês, é agora conflitado entre a superioridade da senhora e a divindade jovial da princesa entre as quais se interpõe um componente de perdição, a carnalidade da mulher, a quem compete parte da culpa por essa “coisa que mete medo”, a paixão inflamada e reprimida, o “avesso do sentimento”, traduzindo um amor fatal.
Explicar o termo: vassalo, referindo – se ao Feudalismo, intertexto com História -  
OBS: Tenho formação em Letras e História, o que não dificulta contextualizar o momento.

Passar a música para os alunos ou cantar com eles.

Queixa
Caetano Veloso

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou


Comparando os textos:

1)    Compare as letras da música de Caetano Veloso, “Queixa” e o texto de “Dom Dinis, cantiga de amor”. Quais as semelhanças encontradas?
2)    Em que estrofe da música, nota – se um desespero por parte do eu – lírico? Transcreva essa parte.
3)    Destaque na letra da música um verso em que o eu – lírico se dirige de forma cortês â amada.




Reflexão: Compare e analise os dois fragmentos e responda à questão:
a)     
Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,
mas pôs nela honra e beleza e mérito... (D. Diniz)

b)     
Senhora, e agora, me diga  onde  eu vou
Senhora, serpente, princesa... (Caetano Veloso)


1)    Como o eu – lírico se sente em relação à mulher no primeiro fragmento?  E no segundo?

2)    Em: Honra e beleza e mérito... (D. Diniz) / Senhora, serpente, princesa (Veloso), percebe – se que há uma relação estabelecida entre as duas cantigas. Qual?

Obs: Espera – se que o aluno chegue à conclusão de que há um sentimento amoroso  que não é correspondido, haja vista os vocábulos que endeusam a amada. O professor poderá ajudar, através de inferências.

Espaço para registro do que foi bom e do que não funcionou na prática, para melhoria:
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Bibliografia usada:
Cereja, Dias Viana  e Damien.  1º ano do ensino Médio – Português Contemporâneo: diálogo, reflexão e uso.  Editora Saraiva, ano: 2018.
Google: Definição das cantigas de amor e de amigo por william Roberto Cereja – A cantiga de amor na música popular brasileira/queixa, de Caetano Veloso.
acesso  em 04/04/18


Atividades para casa:

·         Pesquisar sobre Características das cantigas de amigo, copiar uma e deixar no caderno para leitura.
·         Trazer uma música (MPB) que tenha essas características para análise e compreensão. Levar o violão para a sala e cantar com os alunos ou caixa de som ambiente.
PROJETO PARA SEGUNDO BIMESTRE


A lírica trovadoresca na Música Popular Brasileira, em que os alunos apresentarão um sarau, tendo também apresentações musicais e teatros com o tema. (conteúdos envolvidos:  (Arte, História  e Literatura)


Não é um assunto considerado fácil, por estar um pouco distante da realidade dos alunos do ensino médio, no entanto, as estratégias de ensino podem fazer com que os alunos sintam prazer, pois envolve também a questão artística, desperta valores, etc.
As cantigas devem ser vistas por etapa, pois as características delas são parecidas e se diferem por mínimas marcas linguísticas. É bom o professor ver dessa forma, para evitar confusões entre uma e outra.  Obs: Uso da sala de informática para enriquecer a prática, visualizar imagens do período, castelos, figurinos, etc.
É um conteúdo considerado de nível difícil, por relacionar mais a história do que a literatura propriamente dita, por isso, é necessário que o professor esteja bem preparado,  para sanar as dúvidas em tempo real.

2 comentários:

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Obrigada pela contribuição com sua aula e organização.